quinta-feira, 24 de maio de 2012

Nota sobre o concurso do Magistério

A mídia quando informa que apenas 7% dos professores foram aprovados no exame do magistério, esconde que 80% dos candidatos ficaram acima da média nos conhecimentos específicos de sua área e que a maioria dos reprovados foi em língua portuguesa, a qual não é disciplina obrigatória nos cursos de formação pra a docência.

       O maior responsável pelo alto índice de reprovação é senhores, o MEC e não por seus exames de seleção, mas pelo Plano Nacional de Educação que conceitua faculdades e aprova grades curriculares e ementas completamente incoerentes com o significado de educação para a constituição dos sujeitos.


“A coisa é outra quando o que se deseja é que o educando assimile algo para além de conhecimentos e informações constantes das tradicionais disciplinas escolares; quando se quer por exemplo, que ele desenvolva condutas relacionadas à lealdade, ao companheirismo e o gosto pelo saber.” ( 2008, p.29)

      A ciência da educação vem desde seus primeiros atos didáticos formando objetos cumpridores de tarefas e nisto resulta a posição de alguns sujeitos em favor do capitalismo que fortalece o ensino errôneo da escola privada que seleciona alunos e lida apenas com os capazes de aprender independentemente da escola que estão frequentando. Se os demais educandos são de responsabilidade pública, cabe a pergunta: de onde vem o ensino básico de Língua Portuguesa dos professores da rede estadual de ensino se esta não é função do ensino superior?

       Em concursos públicos, os conteúdos são irreais ao que é proporcionado no ensino para a docência. Antes de elaborar as provas, sequer foi analisado as ementas do ensino superior e as bibliografias básicas da região aprovadas pelo Ministério da Educação e ainda nestas condições grande número de candidatos mostraram que são profissionais em seu conteúdo.

         Professor lida com diversas áreas do conhecimento, presta serviço social e psicológico de atendimento as famílias sem científica preparação e por tudo que sabe e aprende com sua prática não deve ser ridicularizado. Profissionais da educação trabalham manhã, tarde e noite sem receber incentivo para estudo. Se as bibliotecas escolares se encontram precárias, as destinadas para professores nem existem.  Se os professores estão despreparados para uma avaliação selecionadora, não significa que sejam culpados por seu empirismo, apenas foram assim formados.

        Deve existir a esperança naqueles que não desistem do ensino público e mantêm a resistência de não deixar o ensino virar mercadoria para o capital. Mesmo que subjetivamente formados, os professores permanecem sob responsabilidade pública, independente da rede em que atuam. E encontra-se aí a prova do descaso. As comunidades precisam se apropriar da contraposição à alienação da mídia e faz parte disto, entender que este exame custou R$ 121,00 por candidato e mais de OITENTA MIL inscritos. Se a secretaria de Educação proporcionará em menos de um ano outra oportunidade, com certeza não se deve ao compromisso social para com a educação.


Quem você acredita serem os contemplados, quem precisa ou quem independente de títulos já poderia?



PARO, Vitor Henrique. A educação como exercício do poder: crítica ao senso comum em educação. São Paulo: Cortez, 2008.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Desordem e progresso

                   Nos últimos tempos, venho pensando as palavras escritas por Foucault quando destaca a importância de "vermos historicamente como se produzem efeitos de verdade no interior de discursos que não são nem verdadeiros, nem falsos" (1998, p. 7). Neste sentido, analiso as aulas de formação para a docência, onde se ouve de professores discursos que mais hipnotizam do que propriamente problematizam os conceitos. Esta falta, faz com que a generalização de algumas expressões se dogmatizem a medida que são expressas em falas contínuas.

                   Quando a Filosofia propõe que se vá além do óbvio, fica claro tudo que é ensinado de forma encantadora, mas também vazia. Os conceitos de ser professor, aluno, escola, educação e sociedade vem sendo disseminadamente melhorados aos olhos do senso comum, mas mantendo-se vagos e ordenando pensamentos e práticas a alienação e hierarquização dos sujeitos.

                   Ao praticar a livre docência, pouco preocupa-se com a formulação de métodos, objetivos e significado de conceitos. As limitações da profissão impostas pelo descaso dos governantes tem como objetivo a ordem de discursos desestimuladores e isto a meu ver, é o mais difícil de desmistificar no dia a dia das escolas, a velha forma de perceber o ensino. 

                  A educação que hoje se diz inovadora e tão fielmente segura em grandes teóricos que pensaram a verdade de pesquisas de suas épocas (e que hoje nos servem de alicerce para o entendimento do mundo contemporâneo), por vezes tornam-se apenas discursos subjetivos que foram retirados como excertos de ideias nunca realmente entendidas.

                 Desde os primeiros atos didáticos a educação está a exercício do poder e as práticas vem tornado-se teorias. Os discursos escolares sobre aluno estão voltados a psicologia e deixam de lado seu papel social. As escolas ainda formam para a disciplinarização do corpo e cada vez menos para sua constituição como sujeito ativo.

                 Lanço aqui a preocupação da nossa era: a subjetivação dos sujeitos. Afinal, que tipo de cidadãos estamos produzindo? O condicionamento de posturas centraliza e individualiza, enquanto reforça a subordinação ao capitalismo e aumenta a desigualdade.


          O respeito a autoridade vem do espanto pela sabedoria dos reconhecidos como mestres, não de autoritarismo e obediência.



Algumas práticas discursivas interditam o ensino.




FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso: aula inaugural no College de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Campinas: Loyola, 1998.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Entrelinhas da política

     Aos cento e um dias do governo Tarso-PT, a gestão já deu no que falar.
     Na área rural, o governo já não é bem visto. Inadimplentes com o banco do estado, os agricultores estão tendo de reduzir a área de cultivo por não ter como pagar o financiamento do maquinário. As chuvas de verão acabaram com toda safra do mês de maio. E com isso, o novo governo suspendeu o programa de auxílio à agricultura.
     Os animais estão magros de fome,  os agricultores estão pagando altos impostos e vivendo em regime feudal. Enquanto o país importa arroz, o nosso não é exportado devido a baixa procura por ser muito caro e a careza devido aos impostos...
     Na abertura da colheita do arroz  deste ano, o governador explicou a baixa na procura pelo produto com a grande preferência por lanches. Boa linha de pensamento, típico dos petistas, mas o povo sabe que o arroz argentino é bem mais barato que o produzido em terras gaúchas e também que o arroz é básico nos pratos caseiros.
     Mas os trabalhadores do campo não secalaram como fez a senadora Ana Amélia-PP, os agricultores reivindicaram. Os vindos de Camaquã exibiam na mesa suas pulseiras que davam direito à fala e usaram seu tempo para falar que o governo se relaciona com as cidades de grande produção, esquecendo as de pequeno porte como Restinga Seca que nem teve direito de sentar-se à mesa menos ainda à fala.
     Na discusão do salário mínimo, mais uma do Partido dos Trabalhadores: um aumento miserável. E o grande defensor dos aposentados, senador Paulo Paim-PT se rendendo a peleguice partidária.

     Na negociação com o CPERS, o piso nacional não foi cumprido pelo governo gaúcho, alegam não ter verbas. Mas o mesmo valor calculado para reajuste dos profissionais da educação, está sendo pago para o banco mundial, também sobra R$ para os 500 novos cc's e para o aumento dos secretários.

Legado de Yeda: o aumento salarial de 143%.

     O Partido dos Trabalhadores vem mostrando sua cara, dando continuidade aos governos anteriores, com políticas injustas e imaturas, longe do socialismo e da democracia.

     É preciso renovar e nós somos o novo, nossa geração precisa se candidatar e incentivar aqueles que apresentam a mudança, sejam palhaços ou estudantes, desde que construídas pela base, pelo povo e não pela burguesia em partidos.


     É preciso acreditar na mudança e deixar alguém fazê-la.


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

"Pela dignidade da educação"

             Hoje quando me deparo com o fim das férias escolares, penso no real sentido de ser o recesso de maior tempo entre as profissões. Aos estudantes, 67 dias de descanso. Professores, um pouco menos, pois lhes cabem a organização do planejamento anual, chamadas, objetivos, etc.
             Passado um verão, energias totalmente renovadas, me pergunto o que cada professor deve ter feito neste tempo para se aperfeiçoar no ensino. É preciso perceber a diferença entre se atualizar e se aperfeiçoar o que faz, sim, porque atualizações ocorrem cotidianamente, mas se especializar naquilo que já se consideram bons. Quantos professores você acredita que participaram de um debate de 2h que seja durante estas férias?
             Tudo bem, é a opção de cada um. Mas e como ficam aqueles que querem? Aqui no RS só houve uma oportunidade, e foi produzida por estudantes em Pelotas, acredita?
             O governo não se preocupa com qualidade, nunca se preocuparam. Aperfeiçoamento não significa apenas para professores. Funcionários também, ou você acha que um monitor está preparado para lidar com uma briga de mão armada? O próprio setor de limpeza que poderia se aperfeiçoar em produtos contra as pichações. E a merenda então, ainda escrevo somente sobre ela.
            Quem frequenta Porto Alegre, sabe da grande produção agrícola vinda das famílias, você observa isto no mercado público e aos sábados no brique da redenção, mas o governo ainda permite que as escolas sirvam merenda industrializada adquiridas de grandes empresas e hipermercados. É como costumo falar as merendeiras que conheci: “Tu nem cozinha mais, agora só serve.”
            É bastante compreensível que UMA merendeira APENAS por escola não consiga levantar todos os dias uma panela com 10 kg de carreteiro, o que não dá para compreender, é porque políticos recebem R$ 25 diários para refeição, enquanto profissionais da educação recebem apenas R$ 6. Talvez seja porque o professor não tem mesmo tempo para comer entre o caminho de uma escola para outra.
            O descaso com a educação vem causando desgaste geral. É muito comum um professor ser posto a trabalhar em três escolas, o que de fato já se torna cansativo, o problema é que este recebe vale transporte referente à no máximo três viagens no coletivo. Pense um pouco... Não está faltando um passe aí? Isto se não forem precisos mais ônibus, o que também é muito comum.
            Escuto muito falarem por aí que o serviço público é uma porcaria e sei que tem fundamento, mas cabe a nós cobrarmos uns dos outros o aperfeiçoamento, a melhora, qualidade na lida com os direitos dos seres humanos; as coisas que são construídas juntas servem para todos.
            O governo novo mantém o discurso do velho “o problema está na previdência”. Concordo, mas visto por outro lado: muitos profissionais já passaram do momento de serem aposentados.
            Respeito muito o conhecimento dos mais velhos, acredito que esta troca de experiências também seja uma forma de aperfeiçoamento. Mas muitos setores precisam ser revistos, como o departamento responsável pelas cadeiras das salas de aula. Que isso? Será que a secretaria da saúde não poderia intervir?! É como outro dia ouvi numa conversa: “as repartições públicas cheias de super cadeiras reclináveis e os alunos naquelas cadeirinhas desconfortáveis.” As estatísticas deveriam revelar o índice de acidentes com os parafusos que vão se soltando..
            Tá aí o motivo do tamanho do recesso escolar: as condições desumanas da educação. Pergunte ao mais exemplar dos alunos se este consegue se concentrar em uma mini sala com mais trinta e poucas pessoas, sem cortinas, muito menos ventiladores, enquanto lá fora fazem 30° C. Imagine então dentro com o teto tão baixo... Já não dá mais para as provas individuais devido à superlotação.
             Insisto, será que outro órgão de fiscalização não poderia intervir?
            Estão todos acomodados. Governos, secretários, direções e sindicatos, enquanto os alunos continuam tendo ensino religioso. Na era da revolução tecnológica, a informática está longe de entrar no currículo. Estao perdendo cada vez mais os profissionais melhores qualificados para a rede particular de ensino.
            Precisamos construir uma geração consciente, que saiba calcular em megas e gigas, que saiba negociar os juros, que através da distância e da velocidade, saiba quanto tempo vai levar para chegar ao trabalho. Nossos alunos não têm tempo para musicais da Xuxa, necessitam é de alguém que lhes ensine que por nada neste mundo deve entregar um colega ou prejudicar o parente mais distante para tirar vantagens.
             Bom... retorno com saudades das figurinhas que contudo, sao os mais prejudicados e com a certeza de que entre uma festa e outra, meu aperfeiçoamento eu fiz, para que os alunos deste ano tenham muitas novidades.
Bom ano de luta letivo.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

!كل الدعم للمصريين

           Muhammad Anwar Al Sadat, presidente egípcio, foi assassinado em 1981 por infiltrados nas forças militares do país, aparentemente. Desde então, seu sucessor, Hosni Mubarak lidera uma ditadura que já dura trinta anos no poder. Utilizando-se do contato estabelecido pelo ex-presidente com Israel, Mubarak cedeu total apoio nos ataques ao povo palestino, o que resultou a alguns anos no fechamento da fronteira entre a Faixa de Gaza e a Península do Sinai.
            A cada três árabes, um é egípcio. Com o bloqueio da fronteira, os alimentos subiram de preços e a população encontra-se em miséria, enquanto a família de Mubarak acumula uma fortuna em dólares e vive em uma luxuosa casa de Londres, pois lá reina a paz.
           A luta deste povo é duradoura, realizando manifestos recordes desde 2008, exigem a renúncia de Mubarak e o fim de seu mandato de tempo indeterminado. Porém, a força dos trabalhadores egípcios não é páreo para ajuda militar vinda do Imperialismo Estadunidense. O Egito recebe anualmente, US$ 2 bilhões dos EUA e mais $ de Israel, para se equipar e prepara-se militarmente. O centro da cidade do Cairo neste último dia 1°, foi tomado por cerca de 1 milhão de trabalhadores e estudantes em manifesto pacífico, enquanto, desarmados, gritavam e cantavam, policiais disfarçados se infiltraram em meio a multidão e iniciaram o tumulto que resultou na morte de, por baixo, trezentos manifestantes pelos tanques de guerra e tropas do exército.
           Em campanha, o presidente norte americano Barack Obama prometeu a retirada das tropas americanas do território árabe, mas logo após sua posse, enviou mais 1.400 soldados para se juntar aos 97 mil militares já instalados por George Bush. A política imperialista estadunidense visa como alternativa a nomeação do vice-presidente Omar Suleimán, ex-chefe do serviço secreto, para a derrubada de Mubarak, mas sem perder o principal para a continuidade do regime. Quando perguntado sobre os acontecimentos no Egito, Obama disse em entrevista: “tem de começar a tranferência de poderes agora”.
            Por outro lado, os trabalhadores devem ter cuidado para evitar um golpe vindo da Irmandade Muçulmana, a qual já planeja mudanças na constituição egípcia e por ter Obama como inimigo n°1 empossaria o general chefe do estado maior do exército, único a manter boas relações. Portanto, colocaria o país nas mãos da OTAN, a serviço dos EUA.
            Em meio a tudo, as redes Talibã e Al-Qaeda ganham forças com a população que já não está mais disposta a negociações. Um povo de lutadores, maior parte formado por jovens que querem paz e liberdade para seu futuro, guiados por tanta violência.
            Fica todo o apoio as revoluções e repúdio as ditaduras e relações diplomáticas exteriores que financiam a violência. Que venham as vitórias do povo árabe e sirvam de impulso para as lutas de estudantes e trabalhadores de todo o planeta!
            Mês de março receberemos a visita do presidente yankee e sua política imperialista, vamos mostrá-lo que aqui não se constrói relacionamentos em intersses próprios e que nem mesmo no carnaval tudo é uma festa!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

YEDA NUNCA MAIS!

            Yeda Crusius surgiu em uma brincadeira, uma candidata que roubaria os votos do PT e do PMDB e alavancaria um segundo turno contra qualquer que fosse o partido, pois contra ela, a eleição estaria ganha. Mas o tiro saiu pela culatra, a tucana saiu vencedora ainda no primeiro turno, com apenas seis dos seus sessenta trabalhadores de campanha. O Motivo? Dinheiro é claro.  Acusada de desvio e racismo ainda em campanha, em seu governo não foi diferente: a verba destinada ao pagamento do funcionalismo público sumiu junto com os mais de $40 milhões do DETRAN, onde se revelaram farsas de multas e muito mais.
            As verbas referentes a merenda escolar e manutenção dos materiais foram reduzidas em todas as regiões, mas para que a  sociedade não tivesse tempo de pensar, sacou uma jogada de mestre: o plano de carreira.
            Yeda ameaçou o plano de todas as categorias, colocando todos em estado de greve, saúde, segurança, bancários e educação e assim, tapeou o povo, que cegamente esqueceu a CPI da corrupção, onde a principal envolvida era a então governadora, que estaria usando PM's  para carregar compras da filha em um shopping e impondo que os trabalhadores aprovados em concurso público fossem corridos a tiros e muita violência de sua rua, e de qualquer rua que estivessem contando os podres de seu mandato. Trabalhadores tiveram seus salários cortados em até 70%, mesmo furando a luta ( talvez o preço por não apoiar a categoria).
            Com a paralisação vieram os cortes salariais referentes a dias a mais do que os parados e com esta sobra em caixa, alcançou o falso déficit zero. Falso sim, pois o governo seguinte acaba de revelar um rombo nos cofres públicos, e por isto, não há como negar que Yeda Crusius foi uma ótima  governadora quando se trata de pilantragem! Isso que nem citei os desentendimentos com o ex-marido, com seus secretários, seu vice Paulo Feijó, nem a inexplicável casa de $1 milhão.
            Mas o que não podemos deixar de lembrar, é que Yeda com a maior bancada e dando gratificações com recursos próprios a seus secretários e CC's, foi absolvida na CPI da corrupção com três votos a mais a seu favor e hoje passeia com os bolsos cheios, a professora que nos deu uma super aula de prevaricação.