quarta-feira, 25 de abril de 2012

Desordem e progresso

                   Nos últimos tempos, venho pensando as palavras escritas por Foucault quando destaca a importância de "vermos historicamente como se produzem efeitos de verdade no interior de discursos que não são nem verdadeiros, nem falsos" (1998, p. 7). Neste sentido, analiso as aulas de formação para a docência, onde se ouve de professores discursos que mais hipnotizam do que propriamente problematizam os conceitos. Esta falta, faz com que a generalização de algumas expressões se dogmatizem a medida que são expressas em falas contínuas.

                   Quando a Filosofia propõe que se vá além do óbvio, fica claro tudo que é ensinado de forma encantadora, mas também vazia. Os conceitos de ser professor, aluno, escola, educação e sociedade vem sendo disseminadamente melhorados aos olhos do senso comum, mas mantendo-se vagos e ordenando pensamentos e práticas a alienação e hierarquização dos sujeitos.

                   Ao praticar a livre docência, pouco preocupa-se com a formulação de métodos, objetivos e significado de conceitos. As limitações da profissão impostas pelo descaso dos governantes tem como objetivo a ordem de discursos desestimuladores e isto a meu ver, é o mais difícil de desmistificar no dia a dia das escolas, a velha forma de perceber o ensino. 

                  A educação que hoje se diz inovadora e tão fielmente segura em grandes teóricos que pensaram a verdade de pesquisas de suas épocas (e que hoje nos servem de alicerce para o entendimento do mundo contemporâneo), por vezes tornam-se apenas discursos subjetivos que foram retirados como excertos de ideias nunca realmente entendidas.

                 Desde os primeiros atos didáticos a educação está a exercício do poder e as práticas vem tornado-se teorias. Os discursos escolares sobre aluno estão voltados a psicologia e deixam de lado seu papel social. As escolas ainda formam para a disciplinarização do corpo e cada vez menos para sua constituição como sujeito ativo.

                 Lanço aqui a preocupação da nossa era: a subjetivação dos sujeitos. Afinal, que tipo de cidadãos estamos produzindo? O condicionamento de posturas centraliza e individualiza, enquanto reforça a subordinação ao capitalismo e aumenta a desigualdade.


          O respeito a autoridade vem do espanto pela sabedoria dos reconhecidos como mestres, não de autoritarismo e obediência.



Algumas práticas discursivas interditam o ensino.




FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso: aula inaugural no College de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Campinas: Loyola, 1998.